HQ e Ponto

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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Axé, Madona Achiropita

(Compartilhado do Café com Filosofia )
Axé, Madona Achiropita
A autora Rosangela Borges, aborda em seu livro Axé, Madona Achiropita[1], a presença da cultura afro-brasileira nas celebrações da Igreja de Nossa Senhora Achiropita, no bairro do Bexiga, em São Paulo. O livro foi apresentado originalmente como dissertação de mestrado ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Rosangela viu na experiência vivida nas celebrações da Igreja de Nossa Senhora Achiropita, a oportunidade de realizar uma pesquisa que normalmente é feita por antropólogos e historiadores e pouco por cientistas da religião.
O livro é dividido em duas partes subdivididas em quatro capítulos, dois para cada parte. Na primeira parte, a autora nos relata a história do bairro do Bexiga e a vivência dos negros e italianos no bairro e na cidade de São Paulo, ressaltando os aspectos culturais que eles foram apresentando ao longo dos anos, sobretudo aqueles que ajudaram na compreensão dos elementos da cultura afro-brasileira nas celebrações da Igreja de Nossa Senhora Achiropita.
Na segunda parte, após ter feito uma contextualização completa das culturas italiana e afro, bem como o desenvolvimento delas no Bexiga, Rosangela Borges relata o sincretismo cultural – religioso, presente nas manifestações da cultura afro-brasileira no ritual católico.
Nesta parte do livro, a atenção da autora é voltada para os aspectos que facilitam a compreensão da razão de ser de uma pastoral negra no interior da Igreja Católica.
Assim, no capítulo 3 “Um novo rosto da Igreja”, Rosangela fala sobre a inovação da Igreja após o Concílio Vaticano II (1962 – 1965 ), as Conferências de Medellín ( 1968 ) e Puebla (1979 ) e, sobretudo, a Campanha da Fraternidade de 1988, que foi de fundamental importância para fazer com que a Igreja Católica no Brasil, abrisse espaço paradiscussão no seu interior e também na sociedade, para a situação da população negra, já que o tema da Campanha da Fraternidade foi “Fraternidade e o Negro”.
É no último capítulo do livro, que a autora aborda realmente os detalhes das manifestações da cultura afro-brasileira nas missas, os aspectos históricos da Pastoral Afro da Igreja de Nossa Senhora Achiropita, encerrando a obra falando sobre as religiões afro-brasileiras e a Pastoral Afro.
A leitura de Axé, Madona Achiropita é muito interessante, pois desperta um turbilhão de lembranças da cidade de São Paulo e do bairro do Bexiga. Ler sobre o tema abordado no livro faz bem a todos, especialmente aos que estudam História, Filosofia e Teologia, pois a obra nos apresenta a riqueza da cultura dos afro-descendentes, bem como as suas matrizes culturais e aspectos presentes ao longo da história do bairro, como as rodas de samba que originaram a Escola de Samba da Vai – Vai e a Festa de Santa Cruz, esta que contribuiu muito para a participação da população negra nas celebrações católicas, e foi fundamental para a inclusão dos negros no interior da Igreja Católica e para a formação da Pastoral Afro da Igreja de Nossa Senhora Achiropita.
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[1]BORGES, Rosangela. Axé, Madona Achiropita. Presença da cultura afro-brasileira nas celebrações da igreja de Nossa Senhora Achiropita, em São Paulo. São Paulo: Pulsar, 2001.
______Texto: Danilo Freire
(Graduado em Filosofia) UNIFAI